Torres, escadarias e tapeçarias recebem os hóspedes nesses hotéis instalados em prédios históricos em Londres, Nova York e outros lugares. A comida também não é ruim
Por The New York Times - Londres
Você tem ideia de quando um hotel é mais do que um lugar para dormir? Quando está em um edifício com um passado histórico, permitindo que os hóspedes voltem no tempo para a 'Era Dourada' ou para a 'Era Eduardiana' tão facilmente quanto vão à academia ou ao spa?
Hoje em dia, você pode se hospedar em uma antiga fábrica de sabão do século XVII na Riviera Francesa, ou em parte do Old War Office, o antigo centro dos líderes militares e políticos britânicos, em Londres, ou em um edifício em estilo palácio renascentista que já foi um banco, em Nova York.
Listamos cinco novos hotéis em espaços históricos onde a pessoa pode vivenciar o passado e o presente, deliciando-se com a arquitetura de dias já perdidos no tempo, ao mesmo tempo em que se entrega aos mais modernos luxos.
Raffles London at the OWO, em Londres
No Raffles London at the OWO, alguns dos escritórios dos líderes políticos e militares se tornaram suítes, incluindo uma com o nome de Winston Churchill - Foto: Divulgação/.Raffles London at the OWO
Antigo local de trabalho de oficiais militares e do governo, incluindo Winston Churchill, o Old War Office - conhecido como New War Office quando foi construído no início dos anos 1900- há muito tempo é um lugar de intrigas.
Os fãs de James Bond podem reconhecer seu exterior em estilo barroco eduardiano em alguns dos filmes e, de fato, Ian Fleming, o criador de Bond e ex-oficial da inteligência naval, teria visitado o edifício. Agora, ele está aberto ao público pela primeira vez, com parte dele renascida como o Raffles London at the OWO, com 120 quartos e suítes, a primeira propriedade da Raffles Hotels & Resorts na Grã-Bretanha.
Dentro do grande espaço, alguns dos escritórios de líderes políticos e militares se tornaram suítes, incluindo uma com o nome de Churchill. Há também suítes que levam os nomes de espiãs e outras mulheres ligadas à história da propriedade, incluindo a Viscondessa Astor, a primeira mulher a se sentar na Câmara dos Comuns, e agentes da Segunda Guerra Mundial, como Vera May Atkins, uma espiã que recrutou agentes secretos britânicos.
O design de interiores do hotel é de Thierry Despont, o arquiteto e designer francês conhecido por seu trabalho no Ritz Paris e pela restauração centenária da Estátua da Liberdade, que faleceu no ano passado.
O planejamento estratégico atual pode ser visto ao marcar uma hora no spa do hotel, que se estende por quatro andares. Espaços históricos têm novos propósitos, como uma antiga biblioteca que foi transformada em um restaurante, o Saison by Mauro Colagreco, com pratos mediterrâneos do chef, talvez mais conhecido por seu restaurante com estrela Michelin, o Mirazur, na França.
No Mauro Colagreco, outro restaurante do chef no hotel, os menus de degustação destacam frutas e legumes sazonais britânicos.
Visite o Drawing Room, um lounge com painéis de madeira e um piano Steinway, para tomar um chá da tarde ou algo mais forte, que você pode saborear com vista para a Horse Guards, no Palácio de Buckingham. Ou vá tomar um drinque em salas que antigamente eram usadas pelo MI5 no Spy Bar, no subsolo. Preços a partir de 922 libras (cerca de US$ 1.164 ou R$ 5.802).
Château de Théoule, em Théoule-sur-Mer, França
Localizado na Côte d'Azur, o Château de Théoule, uma fábrica de sabão do século XVII que se assemelha a um castelo, tem 44 quartos e suítes, sendo alguns no antigo prédio principal e outros em vilas - Foto: Gaelle Le Boulicaut via The New York Times
Esse refúgio à beira-mar na Côte d'Azur já foi uma fábrica de sabão do século XVII, mas parece um castelo graças a um lorde escocês que, no início do século XX, acrescentou torres e muralhas com ameias.
Situada perto da cadeia de montanhas Massif de l'Estérel, a propriedade foi inaugurada este mês com 44 quartos e suítes, alguns no castelo e outros em vilas. Todos têm um ambiente arejado, graças às cortinas de linho, luminárias de vime, pisos de madeira e vista para a Baía de Cannes.
Embora o edifício pede para ser explorado, a areia macia e o sol são a ordem do dia - e o hotel tem sua própria praia, La Plage Blanche, com 90 espreguiçadeiras. O Château de Théoule fica a cerca de 20 minutos de Cannes, mas se você ficar com fome, não precisa sair da areia.
Um restaurante e lounge na praia tem coquetéis, como o Strambery Fields (gim com infusão de sabugueiro, xarope de baunilha, purê de morango, tônica e clara de ovo), e itens do menu que incluem saladas, pissaladière (pense em focaccia com cebolas confitadas, anchovas e azeitonas pretas) e polvo grelhado com erva-doce cítrica e chimichurri.
Se conseguir sair da sua espreguiçadeira, explore as trilhas de caminhada da região, nade na piscina ou visite o spa do hotel para uma massagem ou tratamento corporal.
Ao cair da noite, vá ao Mareluna, no terraço do castelo com vista para a baía, para saborear comida mediterrânea e vinho com pratos como tagliatelle de choco com abacate e ovas de arenque defumado. Preços a partir de ? 360 (US$ 390/R$ 1.941) na baixa temporada, e a partir de ? 920/R$ 4.961) na alta temporada (de meados de junho a meados de setembro). O hotel fechará para a temporada em meados de novembro.
Hotel Casa Lucia, em Buenos Aires
O Hotel Casa Lucia, em Buenos Aires, ocupa um edifício do início do século XX encomendado por um empresário do setor de transportes no coração do bairro chique da Recoleta - Foto: Divulgação
Outrora um dos edifícios mais altos da América Latina, o Edificio Mihanovich - encomendado na década de 1920 por Nicolas Mihanovich, um empresário do setor de transportes - agora abriga este novo hotel de 142 quartos e suítes. Inspirado no formato de um farol, o edifício estava entre as primeiras coisas que os marinheiros podiam ver quando chegavam ao porto, de acordo com a Casa Lucia, e Mihanovich queria que ele fosse alto o suficiente para que pudesse ver seus próprios navios.
Hoje em dia, os hóspedes podem se beneficiar de suas ambições com vistas panorâmicas de alguns dos quartos e suítes contemporâneos em tons suaves. Muitos têm varandas com chuveiros ao ar livre e pontos com vista para Buenos Aires e o Rio da Prata.
Além de estar perto do rio, você está no meio de tudo o que o chique bairro da Recoleta tem a oferecer: Arquitetura de inspiração francesa, butiques, galerias e destinos turísticos, como o Cemitério da Recoleta, onde é possível visitar o túmulo da ex-primeira-dama Eva Perón.
De volta ao hotel, saboreie a culinária argentina e, é claro, o vinho no Restaurante Cantina e, em seguida, vá ao Le Club Bacan, um bar de coquetéis com uma grande seleção de vinhos argentinos. No fim da primavera, você poderá visitar a academia de ginástica concluída ou o spa, que terá uma piscina aquecida. Preços a partir de US$ 670 (R$ 3.340).
The Pinch, Charleston, Carolina do Sul
Em Charleston, o Lowland, uma taberna administrada pelo chef Jason Stanhope, ganhador do prêmio James Beard, é um restaurante na Lequeux-Williams House do hotel Pinch - Foto: Matthew Williams via The New York Times
Os 25 quartos, suítes e residências desse elegante hotel boutique estão distribuídos em três edifícios no centro de Charleston, na Carolina do Sul, incluindo dois da era vitoriana. E são ideais para quem deseja as comodidades de um hotel e a flexibilidade de um aluguel de férias. Todos os quartos têm cozinhas completas, bem como máquinas de lavar e secar roupa.
Alguns têm portas francesas que levam a varandas e terraços privativos. No entanto, você dificilmente vai querer se esconder em seu quarto. Um terraço ao ar livre no lobby principal tem uma lareira que o convida a fazer uma pausa depois de explorar as ruas românticas do bairro, pontilhadas de lampiões a gás, arquitetura histórica, butiques e restaurantes.
Como alternativa, passeie até a Lequeux-Williams House do hotel, um edifício em estilo neogrego que, segundo o hotel, data de 1834. Antigamente uma residência particular, ela foi transformada em restaurantes supervisionados pelo chef Jason Stanhope, ganhador de um prêmio James Beard pelo popular restaurante Fig, em Charleston.
Entre eles está o Quinte, um bar de ostras e local para coquetéis (você também pode pedir torres de frutos do mar, sopas, sanduíches e sorvete), batizado em homenagem a um salão de bilhar de 1918 que ficava no mesmo local. Ou experimente o Lowland, uma taberna com espaços para refeições convidativos espalhados por dois andares, incluindo uma área de refeições ao ar livre em paralelepípedos com centenas de anos.
Onde quer que você se sente, pode saborear uma comida reconfortante, como um biscoito com queijo de fazendeiro e geleia de pimenta, ou um hambúrguer com batatas fritas. Preços a partir de US$ 399 (R$ 1.990).
The Fifth Avenue Hotel, Nova York
Uma suíte júnior no Fifth Avenue Hotel, no bairro NoMad de Manhattan. O hotel tem 153 quartos e suítes situados em um edifício histórico e em um novo espaço de vidro de 24 andares - Foto: Divulgação
Localizado em um edifício com mais de um século de existência, bem como em um novo espaço de vidro de 24 andares chamado The Tower, esse hotel de 153 quartos e suítes no bairro de NoMad, em Manhattan, remete à Era Dourada, quando era uma residência e um anexo para abrigar carruagens.
No início dos anos 1900, o edifício foi vendido e acabou se tornando o Second National Bank, uma estrutura de cinco andares em estilo renascentista-palazzo projetada por McKim, Mead & White, o escritório de arquitetura responsável pela Pennsylvania Station original de Nova York e pelo Brooklyn Museum.
Ao entrar hoje, você verá um saguão cintilante com lustres, paredes revestidas com espelhos antigos, piso de mármore e armários repletos de curiosidades. O design de interiores do Martin Brudnizki Design Studio é ao mesmo tempo lúdico e suntuoso, com tapeçarias e paredes saturadas de cores e padrões. Os quartos de hóspedes misturam o antigo e o novo com antiguidades, lustres de vidro Murano e guarda-roupas inspirados nos tradicionais armários chineses.
Comer fora em Nova York é uma obrigação. Mas o chef Andrew Carmellini, ganhador do prêmio James Beard, conhecido por restaurantes como A Voce, Café Boulud e Locanda Verde, tenta os hóspedes a ficar em casa.
O Café Carmellini do hotel é sua versão da moderna culinária italiana e francesa, com um menu que inclui pratos como black bass forestière e canelone de lagosta e osetra dourada. Depois disso, visite o Portrait Bar, repleto de arte e com painéis de madeira, com uma atmosfera inspirada nas vilas italianas, para tomar um drinque perto da lareira. Preços a partir de US$ 895 (R$ 4.461).
O Globo
https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2024/03/29/cinco-hoteis-ao-redor-do-mundo-onde-o-hospede-pode-vivenciar-o-passado-e-o-presente.ghtml
