É uma candidatura que ainda não pontua nas pesquisas domiciliares de intenção de voto o seu potencial eleitoral. Mas do ponto de vista eleitoral tem essência
Bertha Maakaroun
Na medida em que a candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD) ao governo de Minas vai se delineando não mais em um rascunho, mas no texto principal, em Minas, a legenda de Gilberto Kassab (foto), presidente nacional do PSD, vai perdendo os seus muitos graus de liberdade para articular o ingresso do vice-governador Mateus Simões (Novo). Muito além do PSD, em torno de Pacheco se unem diversos segmentos do establishment produtivo e financeiro do estado, um amplo leque de forças políticas - da esquerda à direita democrática.
É uma candidatura que ainda não pontua nas pesquisas domiciliares de intenção de voto o seu potencial eleitoral. Mas do ponto de vista eleitoral tem essência, tem um campo político bem definido. Além disso, fala bem, tem o que mostrar em sua trajetória política à frente do Congresso Nacional. Por tudo isso, uma candidatura de Rodrigo Pacheco será forte.
Para além das condições objetivas para a candidatura de Pacheco, está a composição nacional que se desdobra afetando as alianças nos estados. Se para Gilberto Kassab o apoio do presidente Lula a Pacheco poderá soar "inconveniente" caso o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), concorra à Presidência da República, por outro lado, a possibilidade da recuperação das taxas de avaliação positiva de Lula são para Kassab um lembrete de que manter um pé em cada canoa poderá ser ainda a melhor estratégia.
Além disso, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) enfrentará a partir desta terça-feira um julgamento. Narrativas à parte, é um desgaste político que se aprofunda com a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos agindo em nome do pai contra os interesses nacionais.
Eduardo Bolsonaro segue em pé de guerra com Tarcísio de Freitas e todos os governadores presidenciáveis, reivindicando para si o espólio eleitoral do pai. Não é pouca coisa a considerar para quem tem uma reeleição garantida em São Paulo. Até quando Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e outros candidatos ao Planalto que neste domingo vão abraçar o 7 de Setembro na Paulista seguirão flertando com o palanque de quem está sentado no banco dos réus por tentativa de golpe é uma questão estratégica.
O PSD de Minas vai se fechar em torno da candidatura de Rodrigo Pacheco. Como desafio ao senador, está uma composição com o ex-prefeito Alexandre Kalil, ainda sem partido, mas possivelmente avaliando a filiação à Rede. Kalil transita no mesmo campo em que está o eleitorado potencial de Pacheco.
Mas não só o senador tem tarefas pela frente. Ao mesmo tempo em que Rodrigo Pacheco divulga uma nota pública nesta segunda-feira, também chamando para si o crescimento da legenda no estado, a direita bolsonarista segue com as candidaturas do senador Cleitinho (Republicanos) e do próprio Simões. Cleitinho lidera, e, com o argumento chamando à racionalidade, reitera que a unidade do campo deve ser construída em torno de quem está à frente nas pesquisas de intenção de voto.
Para Mateus Simões, o fato de que Pacheco, provável candidato ao governo de Minas, não aceitará a sua filiação ao PSD, obviamente, era esperado. Em contrapartida, o vice-governador tem a boa notícia de que uma articulação no plano nacional deverá trazer a federação União Progressista para a sua campanha.
E vem com o melhor de seu capital: 20% do tempo do horário eleitoral gratuito. Com a máquina administrativa na mão é um bom começo para o vice-governador, desde que encontre a sua identidade genuína para construir a sua plataforma de campanha. A sorte, aos poucos, vai sendo lançada.
Nikolas e o pix
O senador Cleitinho (Republicanos) respaldou um post do vice-governador Mateus Simões (Novo), em defesa do deputado federal Nikolas Ferreira (PL). Após a megaoperação envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC), sem nominar o parlamentar, o presidente Lula (PT) declarou: "Tem um deputado que fez uma campanha contra as mudanças que a Receita Federal propôs e agora está provado que o que ele estava fazendo era defender o crime organizado e nós não vamos dar trégua para o crime organizado". Em que pese a afirmação genérica, Lula se referiu ao vídeo de Nikolas, divulgado em janeiro este ano, que alcançou 300 milhões de visualizações, acusando o governo de querer taxar o pix.
Em torno de quem?
Cleitinho, que já havia postado vídeo defendendo Nikolas, comentou: "É isso aí, Mateus, ano que vem estaremos unidos pra não deixar essa turma governar nunca mais o nosso estado". O entorno de Mateus Simões se animou, interpretando aquele comentário como apoio do senador ao vice-governador, na eleição ao governo de Minas. Ambos são pré-candidatos. Entretanto, aos interlocutores, Cleitinho deixou claro que espera a unidade em torno de quem do campo da direita estiver liderando as pesquisas.
Minério e gás
Pela sétima vez nos últimos seis meses, o presidente Lula retornará a Minas nesta quinta-feira. Primeiro irá a Ouro Preto, participar da reinauguração da mina Capanema, de propriedade da Vale, que projeta produção de 15 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. À tarde, Lula lançará, em Belo Horizonte, no Aglomerado da Serra, o programa nacional "Gás do Povo", que vai fornecer gás de cozinha gratuito a 17 milhões de famílias de baixa renda.
Novos cargos
Projeto de lei apresentado pela Mesa Diretora da Câmara Municipal de Belo Horizonte vai criar 22 cargos no quadro de servidores efetivos da Casa - aprovados no concurso de 2023 - com salários entre R$ 5.758,83 e R$ 10.047,80. O custo anual sobre o orçamento legislativo é de R$ 3.480.410,87, considerando também benefícios como vale-alimentação e as contribuições patronais. Serão 18 vagas para técnico-legislativo, com salário de R$ 5.758,83, duas vagas de jornalista, uma de redator e uma de administrador, todas com vencimentos de R$ 10.047,80. Em sua justificativa, o projeto de lei sustenta a necessidade de fortalecer a estrutura funcional da Câmara diante das crescentes demandas por maior eficiência administrativa, qualidade técnica no assessoramento legislativo, fortalecimento da comunicação institucional e modernização da gestão pública.
Casarões demolidos
A Igreja Universal do Reino de Deus não será penalizada por ter demolido, entre 13 e 15 de agosto de 2005, três casarões no bairro Lourdes, em Belo Horizonte, enquanto tramitava processo de tombamento no Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural. O Ministério Público de Minas Gerais propôs a ação civil pública naquele ano, ganhou em 1ª e 2ª instância, mas a decisão foi reformada em última instância no Supremo Tribunal Federal (STF). A Segunda Turma acompanhou o voto do relator Dias Toffoli, que considerou improcedente a ação civil pública, sustentando que na data em que ocorreu a demolição dos imóveis eles ainda não estavam protegidos pelo tombamento.
Estado de Minas
https://www.em.com.br/colunistas/bertha-maakaroun/2025/09/7239300-pacheco-fala-como-candidato-e-reivindica-o-psd.html