Em meio às prisões e tomada do poder pelo regime ditatorial do general Augusto Pinochet, a mostra traz outros flagrantes de Evandro Teixeira da situação política no Brasil na virada das décadas de 1960/1970.

Um episódio fundamental da exposição é a sequência que ele traz da morte do grande poeta chileno Pablo Neruda, ocorrida no dia 23 de setembro. A cobertura foto-jornalística começa ainda na clínica onde o vencedor do Prêmio Nobel de literatura é declarado morto. Único fotógrafo presente, Evandro faz seu trabalho de olho numa possível chegada da polícia, o que fatalmente resultaria em sua detenção.

Uma impressionante sequência registra o velório na casa de Neruda no bairro de Bela Vista, em Santiago, depredada por forças paramilitares. Sua esposa, Matilde Urrutia, a "La Chascona", que Neruda batizou essa sua terceira residência (as outras eram em Valparaiso e Isla Negra), enfrenta os militares e realiza ali o velório numa noite fria de inverno. No dia seguinte, o cortejo fúnebre e o enterro, com grande participação popular, marcam a primeira grande manifestação contra o regime de Pinochet.

A sequência do enterro de Neruda, associado às demais imagens que Evandro produziu na cidade, juntamente com o registro visual de um período do regime militar no Brasil (1964 e 1968), compõem a estrutura central da exposição no IMS, evidenciando a importância do fotojornalismo para a liberdade de expressão e testemunho da realidade.

O JB foi o primeiro jornal a ter um estúdio fotográfico próprio e a usar as câmeras de médio formato da fabricante sueca Hasselblad, que possibilitavam grandes ampliações com excelente nitidez. A câmera está na exposição, com outras que Evandro Teixeira usou no mesmo período. Assim como a máquina de telex que ele transmitia algumas de suas fotos, via agência UPI, para a redação do jornal, no Rio.

Serviço:

IMS Paulista
Galeria 1 - 6º andar
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP

Tel.: (11) 2842-9120
imspaulista@ims.com.br
(Até 30 de julho)