Número de IPOs de empresas brasileiras na Nasdaq ainda é baixo

Número de IPOs de empresas brasileiras na Nasdaq ainda é baixo

A bolsa norte-americana Nasdaq recebeu, neste ano de 2021, as ofertas públicas iniciais das empresas brasileiras Zenvia, Vtex, Pátria e Vinci. E espera pelo menos mais duas companhias, sendo uma delas o Nubank, hoje o maior banco digital do mundo, com mais de 40 milhões de clientes - a coluna Pipeline do jornal Valor publicou hoje que o Nubank agora planeja seu IPO com números ainda maiores do que os anteriormente anunciados. Em vez de buscar uma captação de US$ 2 bilhões, a fintech irá atrás de um valor entre US$ 3 e US$ 5 bilhões, com um valuation entre US$ 75 e US$ 100 bilhões.

O tema da presença de companhias brasileiras na Nasdaq, por intermédio de ofertas públicas iniciais (IPOs), foi destaque do painel realizado ontem, dia 25, dentro da série de apresentações e fóruns promovidos no Expert XP. O convidado especial foi Bob McCooey, chefe global de mercados de capitais da Nasdaq, que conversou com Vitor Saraiva, head de equity capital markets, com mediação de Jennie Li, estrategista de ações, ambos da XP.

O executivo da Nasdaq elogiou o que chamou de "movimento representativo" de diversas companhias brasileiras estarem abrindo capital no mercado norte-americano, mas ressaltou que ainda é um número incipiente quando comparado às empresas locais que fazem seus IPOs. Entre os setores da economia brasileira que estão se dirigindo para a Nasdaq nos últimos anos, Bob McCooey destaca as fintechs e os negócios voltados à tecnologia educacional, como Vitru, Afya e Arco.



Outro segmento que chama a atenção do executivo é o das "health tech", ou empresas de saúde com forte componente tecnológico. Mas BobCooey também diz que o mercado americano tem hoje espaço para qualquer setor que queira se desenvolver internacionalmente, e que atualmente há uma concentração em commodities e instituições financeiras. Esse "desenvolver" que ele fala diz respeito a ter acesso a capital fora do mercado local e uma visibilidade maior não só nos EUA mas em toda América Latina.

Essa onda em busca do mercado de capitais o executivo acredita que é favorável por conta do contexto recente de menores taxas de juros, que levou os investidores a buscar outros ativos além da renda fixa. Ainda que a taxa básica de juros (Selic) tenha subido recentemente, ainda está abaixo dos patamares de dois dígitos vistos em 2017. Além desse cenário macroeconômico, Bob McCooey destaca os esforços dos empreendedores que trabalham com capital de risco.

"Os investidores de venture capital, tanto locais como globais, têm feito um trabalho incrível no Brasil. Eles vêm preparando as empresas tanto para rodadas de captação quanto para uma futura oferta de ações", diz ele. Para McCooey, a onda de empreendedorismo está apenas começando: "às vezes, os americanos acreditam que o empreendedorismo é uma invenção nossa. Mas não é, está por todo os lugares do mundo; vemos empresas incríveis abrindo capital nos Estados Unidos vindas de Israel, da China e do Brasil".