Essa semana vamos falar de um lugar que eu acho muito especial! Depois do acidente de Brumadinho, Inhotim ficou fechado 2 semanas e por causa da pandemia 2 meses. Bernardo Paz conseguiu investidores que o ajudaram e finalmente conseguiu reabrir em 07/05/2021! É considerado um dos maiores e mais bonitos museus ao ar livre do mundo!!
Inhotim surpreende cada vez mais, novos pavilhões, novas obras, novos restaurantes e a conservação impecável!!
Um pouco da história
O Instituto Inhotim é a sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil, e considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina. Está localizado em Brumadinho (Minas Gerais), uma cidade com 38 mil habitantes, a apenas 60 quilômetros de Belo Horizonte.Em 2014, o museu a céu aberto foi eleito, pelo site TripAdvisor, um dos 25 museus do mundo mais bem avaliados pelos usuários.
Segundo os moradores de Brumadinho, o local foi uma fazenda pertencente a uma empresa mineradora que, no século XIX, atuava na região e cujo responsável era um inglês, de nome Timothy - o "Senhor Tim", que, na linguagem local, acabou virando "Nhô Tim" ou "Inhô Tim".
Surgiu em 2004 para abrigar a coleção de Bernardo Paz, empresário da área de mineração e siderurgia, que foi casado com a artista plástica carioca Adriana Varejão, e há 20 anos começou a se desfazer de sua valiosa coleção de arte modernista, que incluía trabalhos de Portinari, Guignard e Di Cavalcanti, para formar o acervo de arte contemporânea que agora está no Inhotim.
Inhotim
Foto Yeda Saigh
Em 2006, o local foi aberto ao público em dias regulares sem necessidade de agendamento prévio. São 450 obras de artistas brasileiros e estrangeiros, com destaque para trabalhos de Cildo Meireles,Tunga,Vik Muniz,Hélio Oiticica, Ernesto Neto, Matthew Barney, Doug Aitken, Chris Burden, Yayoi Kusama, Paul McCarthy, Zhang Huan, Valeska Soares, Marcellvs e Rivane Neuenschwander.
As exposições são sempre renovadas e galerias são anualmente inauguradas. Em 2019, o Instituto recebeu 42 000 alunos e 3 500 professores e 169.289 visitações.
A área de visitação do Inhotim tem 96,87 hectares e compreende jardins, galerias, edificações e fragmentos de mata, além de cinco lagos ornamentais, com aproximadamente 3,5 hectares de espelho d'água.
Quando estive em Inhotim em 2009, conversei com Bernardo Paz, que nos contou que pretendia transformar o parque em um Jardim Botânico, brincando me disse que já tinha um "curador" botânico que o estava ajudando a concretizar esse novo sonho. E realmente conseguiu transformar o seu sonho em realidade!
Atualmente o Jardim Botânico do Instituto tem quase o mesmo peso do que a parte artística! É impossível visitar Inhotim e não se dar conta da beleza da beleza das árvores, flores, palmeiras, orquídeas trazidas do mundo inteiro para que fossem admiradas como uma arte!
Pavilhão Tunga, a primeira obra do parque, True Rouge, (2002) e segundo nosso guia, quem mais incentivou Bernardo Paz a construir Inhotim. A história do Inhotim está intrinsecamente ligada à obra e pensamento de Tunga.
Pavilhão Tunga
Foto Yeda Saigh
The Mahoganny Pavillion de Simon Starling - o artista faz uma crítica da extração de mogno da floresta utilizado para fabricação de barcos e também critica o percurso América do Sul - Europa, trajeto original de importação da madeira mogno. O mastro introduzido no solo, mostra como se quisesse devolver para a terra o mogno que tirou para a construção do barco.
Sem Título - Edgard de Souza
Foto Yeda Saigh
Sem Título 2000 - Edgard de Souza: três esculturas em bronze fundido apresentadas juntas pela primeira vez. Elas representam uma figura masculina nua baseada no corpo do próprio artista e poderiam ser consideradas autorretratos, não fosse a ausência do principal elemento de identificação de um retrato: o rosto.
Magical Square de Hélio Oiticica, a obra-instalação Invenção da cor, foi feita a partir das maquetes chamadas de proposições ambientais. O artista começou a criar essas obras em 1960, pois só poderiam ser construídas em espaços abertos. Magic Square # 5 é composta de nove paredes em alvenaria, tinta acrílica, tela de arame e cobertura com estrutura de metal e vidro, onde as cores se alternam dependendo da posição solar.
Magical Square de Hélio Oiticica
Foto Yeda Saigh
Inmensa de Cildo Meireles - uma versão feita para Inhotim, substituiu a madeira pelo aço e fez uma versão bem ampliada, criando uma nova relação de escala com a paisagem e com o corpo humano.
Bancos Hugo França
Não deixe de observar os bancos de madeira que tem em todo o percurso do parque, são do artista Hugo França e são maravilhosos, um mais bonito do que o outro, 98!! O primeiro banco foi colocado no jardim em 1990, sob a sombra da árvore tamboril, um dos símbolos do parque. Os bancos são feitos de troncos e raízes de pequi-vinagreiro, árvore comum na mata atlântica, que são encontrados caídos ou mortos na floresta.Bancos Hugo França
Foto Yeda Saigh
Forty Part Motet 2001 de Janet Cardiff -Utilizando microfones individuais, a artista gravou cada integrante do coral da Catedral de Salisbury, e na instalação, usou um alto-falante para cada voz, o que te permite ouvir as diferentes vozes e perceber as diferentes combinações e harmonias à medida que percorre o lugar. É uma experiência intensa e com o mínimo de sensibilidade, você se pega deitado no banco e não quer levantar dali nunca mais.
Restaurante Oiticica, mais simples, self-service com vista para o lago, também é uma boa opção para almoço.
Passamos um pouco na lojinha que é bem interessante, artesanatos mineiros, livros e lembranças de Inhotim.
Troca-troca - 2002 de Jarbas Lopes, um dos cartões-postais do Instituto. O artista desenvolve um trabalho que se apoia no informal, no criativo e na gambiarra. São três fuscas coloridos, com latarias permutadas entre si que compõe a obra.
Troca troca de Jarbas Lopes
Foto Yeda Saigh
Murais Escultóricos de John Ahearn - a obra e o resultado de um longo processo de imersão do artista e de seu parceiro, Rigoberto Torres, em uma comunidade com o objetivo de conhecer as pessoas.
Quarto vermelho
Foto Yeda Saigh
Através de Cildo Meireles, o artista lida com a nossa maneira de perceber o espaço e o mundo. Um chão de vidro estilhaçado, que dá um pouco de aflição em pisar nos cacos de vidro, uma coleção de materiais e objetos utilizados para criar barreiras com diferentes tipos de usos e cargas psicológicas.
Pavilhão Cildo Meireles: Desvio para o vermelho I: Impregnação, II: Entorno, III: Desvio. Uma exaustiva coleção monocromática de móveis, objetos e obras de artes, em diferentes tons, reunidos de maneira plausível mas improvável por alguma idiossincrasia doméstica.
Pavilhão de Adriana Varejão, um dos mais bonitos de Inhotim. O azulejo, um dos motes recorrentes da obra de Varejão, reaparece em Linda do Rosário (2004), uma das mais importantes obras da série Charques. É possível acompanhar a diversidade de interesses de sua obra e a variedade de fontes de sua pesquisa - a abstração, a ruína, o monumento, o monocromatismo, a violência; a história, as ciências naturais, a arquitetura.
Parada de ônibus de Dominique Gonzalez-Foerster - A artista criou um ambiente especialmente para o Instituto, construindo em meio ao jardim tropical uma coleção de ponto de ônibus desérticos.
Almoçamos um hambúrguer artesanal do Galpão, uma opção deliciosa para quem quer descansar e comer um lanche reforçado.
Piscina de Jorge Macchi - Realização escultórica de um desenho que o artista fez de uma caderneta de endereço com índice alfabético em forma tridimensional.
Galeria Psicoativa, do Tunga, (2012)
É a mesma ideia de um puzzle infinito, que se desdobra dentro de si próprio, e se expande no tempo, e foi intensamente explorada nas galerias que Tunga concebeu para o Inhotim.
Galeria Psicoativa - Tunga
Foto Yeda Saigh
Vandário - Reinaugurado em 2014, o primeiro Vandário aberto ao público do Brasil possui 100 espécies naturais e cerca de 400 híbridos de diversos gêneros de orquídeas.
Beam Drop, de Chris Burden, foi uma ação que poderia ser descrita como performática, durante 12 horas um guindaste de 45 metros de altura lançou em uma poça de cimento fresco as 71 vigas de ferro que compõem a obra.
Sonic Pavilion de Doug Aitken - A obra se fundamenta num princípio bastante simples, trata-se de um furo de 200 metros de profundidade no solo, onde instalaram uma série de microfones geológicos para captar o som da Terra. Este som é transmitido em tempo real, por meio de um sofisticado sistema de equalização e amplificação, no interior de um pavilhão de vidro, vazio e circular.
Sonic Pavilion - Doug Aitken
Foto Yeda Saigh
Narcisos Garden - Yayoi
Foto Yeda Saigh
Pavilhão da Claudia Andujar - em novembro de 2015, o Instituto Inhotim inaugurou sua 19ª galeria permanente, dedicada ao trabalho da fotógrafa Claudia Andujar, nascida na Suíça e radicada no Brasil desde a década de 1950. Exibe mais de 400 fotografias realizadas pela artista entre 1970 e 2010 na Amazônia brasileira e com o povo indígena Yanomami. Achamos o pavilhão mais bonito do Parque, todo de tijolo, uma arquitetura lindíssima com patrocínio de vários pessoas conhecidas.
Depois tomamos um café no Café de Flores com petiscos e pratos feitos pela Chef Dailde Marinho.
Acredito que escrevi sobre as obras mais importantes de Inhotim. Depois tomamos um café no Wall, muito bom.
Estão construindo um hotel dentro de Inhotim esperam que fique pronto em 2019 (o Hotel Boutique Inhotim, já em funcionamento). Aberto de terça a domingo e aos feriados, o Inhotim oferece visitas
temáticas, com monitores, além de visitas educativas para grupos escolares, que devem agendar previamente. Às quartas, a entrada é de graça.
Depois desse dia exaustivo, voltamos ao hotel e no dia seguinte fomos para Belo Horizonte, cujo artigo fica a próxima semana.
Uma frase que escutei muitas vezes sobre Inhotim: "Parece que não é no Brasil".
Boa Viagem!