Da esquerda para a direita: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) | Imagem: Foto: Fotos de Vinicius Rosa/Governo do Estado de SP, Cristiano Mariz/O Globo e Saul Loeb/AFP
Preferência por Michelle no bolsonarismo atropela Tarcísio e Eduardo, aponta Genial/Quaest

Preferência por Michelle no bolsonarismo atropela Tarcísio e Eduardo, aponta Genial/Quaest

Por Johanns Eller


Além de apontar a tendência do eleitor para a disputa presidencial de 2026, a pesquisa divulgada pela Genial/Quaest nesta quinta-feira (5) revela que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tem a liderança absoluta na preferência do eleitor bolsonarista em um cenário sem Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030.

Segundo a Quaest, a preferência por Michelle entre os que dizem ser bolsonaristas é maior do que a soma do percentual daqueles que optariam pelo filho 03 do ex-presidente, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Para 44% dos que se declararam seguidores de Bolsonaro, Michelle deve ser apoiada pelo ex-presidente caso ele não viabilize sua candidatura no próximo ano. É quase o triplo da preferência por Tarcísio (17%) e quase cinco vezes a de Eduardo (10%), que na semana passada declarou à revista Veja sua intenção de concorrer ao Palácio do Planalto caso seja convocado pelo pai.

O levantamento da Genial/Quaest entrevistou pessoalmente 2.004 eleitores a partir de 16 anos entre 29 de maio e 1º de junho.

Sem nunca ter ocupado um mandato eletivo, ao contrário dos demais concorrentes na disputa pelo espólio de Bolsonaro, Michelle tem ganhado força nos bastidores e tem a simpatia do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Atualmente ela comanda o PL Mulher e está cotada para disputar o Senado pelo Distrito Federal.

A ex-primeira-dama também se sobressai em relação a outros nomes da direita, como o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que terminou a disputa pela prefeitura de São Paulo em terceiro lugar em 2024 após rachar o bolsonarismo na cidade (6% da preferência); os governadores Ratinho Júnior (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSD-RS), com 5% cada, e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), com 4%.

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) tem a preferência de apenas 1% do eleitorado bolsonarista. Como publicamos na semana passada, a disposição do mineiro de disputar a Presidência da República com ou sem o aval de Bolsonaro tem sido esnobada no entorno do ex-presidente.

Pressionado por parte do Centrão e setores da Faria Lima a abrir mão de uma reeleição tranquila em São Paulo para disputar o Planalto contra Lula, Tarcísio leva a melhor em relação a Michelle entre eleitores que se disseram "mais à direita", mas sem o rótulo bolsonarista: o governador tem 32% da preferência desse estrato contra 24% da ex-primeira-dama e 5% de Eduardo Bolsonaro.

Ainda nesse recorte, Ratinho tem 9% da preferência; Marçal, 7%; Caiado, 6%; Zema, 4% e Leite, 2%.

Jair Bolsonaro tem deixado claro que repetirá a estratégia de Lula em 2018 - lançar-se ao Planalto mesmo inelegível e potencialmente preso para, posteriormente, ser substituído pelo vice de sua chapa - e não abrirá mão de ungir seu sucessor na direita, preferencialmente com seu sobrenome na certidão.

O ex-presidente vinha resistindo à ideia de apoiar uma candidatura presidencial da esposa, mas aparentemente já não é tão refratário à possibilidade. E, na semana passada, fez um aceno direto a Eduardo ao compartilhar nas redes sociais a capa da Veja com a entrevista em que o filho se coloca à disposição para a corrida presidencial.

Tarcísio, por sua vez, acumulou desgastes com o bolsonarismo no último mês. A participação do governador paulista em um encontro com investidores e banqueiros na Brazil Week em Nova York e na filiação de seu secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, ao PP irritaram o entorno de Bolsonaro, que vê nos movimentos do político do Republicanos uma tentativa de se viabilizar sem o aval do ex-chefe.

Todos os elementos indicam que a sucessão na direita bolsonarista ainda está embaralhada, mas a larga vantagem de Michelle na preferência deste eleitorado cativo poderá influenciar o processo decisório de um Jair Bolsonaro sempre atento à bússola de sua base de apoio.

O Globo
https://oglobo.globo.com/blogs/malu-gaspar/post/2025/06/genialquaest-sem-jair-quase-50percent-dos-bolsonaristas-prefere-michelle-a-tarcisio-e-eduardo.ghtml