'Ousada, injusta e leviana', diz advogado Marco Aurélio de Carvalho; ministro da Justiça criticou prisões 'mal feitas' pela polícia
Por Laísa Dall'Agnol
Coordenador do Grupo Prerrogativas, o advogado Marco Aurélio de Carvalho rebateu a crítica feita pelo Secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, ao ministro da Justiça Ricardo Lewandowski.
"Ousada, injusta e leviana a crítica do secretário Derrite, que tem uma gestão marcada pelo aumento da violência, da criminalidade e das mortes", diz Carvalho a VEJA.
Nesta sexta-feira, 21, Derrite respondeu às declarações feitas por Lewandowski a respeito de prisões mal feitas pela polícia e disse que o ministro fala "muita besteira".
"Não dá para deixar de mencionar a fala, para ser muito educado, absurda do ministro da Justiça dizendo que 'O problema não é a polícia que prende e a Justiça que solta. É que a polícia prende muito mal, por isso a Justiça solta'", disse durante sessão na Assembleia Legislativa (Alesp).
"Eu tenho muito respeito por ele, apesar das besteiras que ele fala", prosseguiu Derrite. "A culpa não é dele, a culpa é de quem o escolheu para essa função, que não deve ter a mínima noção do que deve ser feito para combater o crime, principalmente organizado", afirmou.
Para o advogado Marco Aurélio de Carvalho, Derrite descontextualizou a fala de Lewandowski e, enquanto secretário de Segurança, deveria se empenhar pela aprovação da PEC da Segurança Pública, defendida pelo ministro.
"O ministro apenas revelou uma verdade incômoda. Derrite deveria pedir desculpas à população de São Paulo e em especial às mulheres pelo aumento dos casos de estupro e de feminicídios", diz.
Segundo dados da própria SSP, os números de crimes de estupro, latrocínio e furto cresceram no estado em janeiro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2024.
Por outro lado, os índices de homicídios dolosos e a lesão corporal seguida de morte ficaram estáveis, enquanto o número de roubos caiu.
Declaração
Nesta semana, Lewandowski afirmou, durante uma palestra em Brasília, que as polícias fazem prisões de forma incorreta e que, por isso, o Judiciário se vê obrigado a soltar os detidos. A fala foi alvo de críticas.
Na quinta-feira, 20, o Ministério da Justiça divulgou uma nota justificando as declarações do ministro.
"Hoje, há uma dificuldade de troca de informações entre as forças de segurança do país e o Poder Judiciário, o que se pretende solucionar a partir da PEC da Segurança Pública, cujo um dos objetivos é o de padronizar e uniformizar os dados produzidos pelas autoridades policiais".
Veja
https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/coordenador-do-prerrogativas-rebate-fala-de-derrite-sobre-lewandowski/