Empresário será investigado pela Polícia Federal pelos crimes eleitorais de calúnia, difamação e divulgação de fatos inverídicos durante a campanha; defesa não se manifesta
Por Samuel Lima
A Justiça Eleitoral de São Paulo acatou a recomendação do Ministério Público Eleitoral e determinou abertura de inquérito, pela Polícia Federal, contra o empresário Pablo Marçal (PRTB) por associar o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) ao suposto uso de cocaína. A insinuação foi feita inicialmente em debate promovido pela TV Bandeirantes, no dia 8 de agosto. Marçal será investigado pelos crimes eleitorais de calúnia, difamação e divulgação de fatos inverídicos.
O promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, havia considerado que existem indícios de que o empresário violou os artigos 323, 324 e 325 do Código Eleitoral e que o comportamento pode influenciar o eleitor paulistano por associar a Boulos "comportamento social incompatível com o exercício do cargo de prefeito". Ele acrescenta ainda que, apesar de as declarações terem ocorrido fora do período oficial de campanha, a ser iniciado nesta sexta-feira, 16, a legislação "tutela a veracidade de qualquer tipo de propaganda", inclusive antes da data.
A Justiça Eleitoral já havia mandado Marçal remover publicações de suas redes sociais em que associa Boulos, "através de falas e gestos", ao uso de cocaína. Neste caso, o juiz Rodrigo Marzola Colombini considerou, na ocasião, que os vídeos "possuem conteúdo unicamente difamatório à pessoa do autor, sem qualquer relevância político-eleitoral" e que as afirmações não são acompanhadas de "qualquer comprovação, mesmo que indiciária".
Marçal vinha ameaçando, desde a convenção realizada pelo seu partido, no dia 4, divulgar supostos laudos que mostrariam que há dois adversários "cheiradores de cocaína". Durante e após o debate organizado nesta quinta-feira pela TV Bandeirantes, o empresário fez gestos com o nariz comumente usados para se referir a usuários de drogas inaláveis quando falava de Boulos. Também disse que o psolista frequenta "biqueiras" da cidade para buscar "o que mais lhe agrada". Trechos desses momentos foram publicados por Marçal no Instagram, no X e no TikTok.
O GLOBO procurou a equipe jurídica de Marçal e aguarda retorno. Boulos, por sua vez, tem afirmado que o adversário age como um "sociopata" e repete "absurdos".
O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/eleicoes-2024/noticia/2024/08/20/justica-eleitoral-manda-pf-abrir-inquerito-contra-marcal-por-caluniar-boulos.ghtml
