Tela exibe o logotipo da Nasdaq, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos - Jeenah Moon/Reuters |
Nasdaq busca empresas brasileiras interessadas em abrir capital nos EUA

Nasdaq busca empresas brasileiras interessadas em abrir capital nos EUA

  • Setores mais cobiçados pelos investidores são agronegócio, fintechs e energia
  • Representantes da Bolsa americana de tecnologia vêm ao Brasil em novembro para encontros com empresas

Stéfanie Rigamonti (interina) está na Folha desde 2023 e cobre bastidores de economia e de negócio. Antes, passou pela editoria de Mercado.

Enquanto o Brasil vive uma seca de IPOs (oferta pública inicial, na sigla em inglês), as listagens estão em alta nos Estados Unidos. De olho nisso, representantes da Nasdaq Stock Exchange, a Bolsa de valores americana de tecnologia, desembarcam em novembro no Brasil para encontros com empresas brasileiras que estejam interessadas em abrir capital nos EUA.

Desde 2021 o Brasil não tem entrantes na Bolsa de valores do país. A oscilação do mercado de renda variável com a elevada taxa básica de juros e as instabilidades econômicas locais afastam as empresas de novos IPOs.

Além disso, hoje o Brasil tem muitas alternativas ao crédito tradicional dos bancos, que é mais caro. As empresas não precisam abrir capital para captar dinheiro com juros mais baixos no mercado.

Mas isso não significa que não há interesse em ingressar na Bolsa. A 3Dots Capital Advisory, consultoria global especializada em mercado de capitais, que auxilia empresas em processos de abertura de capital, enxerga bastante apetite no Brasil e, por isso, está organizando uma missão no país para promover encontros de companhias brasileiras com líderes da Nasdaq.

Os setores mais cobiçados são agronegócio, fintechs e energia, áreas na quais o Brasil tem companhias líderes e com alto potencial de atração de investidores estrangeiros.

Os encontros acontecerão durante o evento IPO & Capital Markets Conference, no dia 5 de novembro, no Iate Clube de Santos, em São Paulo. Investidores institucionais globais também estarão presentes.

Interesse no Brasil

Segundo a 3Dots, mais de 100 empresas brasileiras estão atualmente preparadas para abrir capital. "O Brasil hoje reflete as mesmas condições que vimos na China há duas décadas -subvalorizado, subcapitalizado e subestimado. A diferença agora é que o Brasil está pronto", diz Todd Heinzl, co-fundador e presidente da consultoria.

O interesse no setor de fintechs brasileiro, avaliado em US$ 4,82 bilhões em 2024, acontece porque país concentra cerca de 58% de todas as empresas do ramo da América Latina e tem projeção de crescimento anual de 19,3% entre 2025 e 2034, segundo a 3Dots.

No segmento de energias renováveis, a consultoria diz que o Brasil atrai interesse dos investidores por ser o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis, suprindo cerca de 40% de seu consumo industrial de energia por meio de bioenergia.

Em relação ao agronegócio, o país é historicamente forte nesse setor. Suas exportações, hoje afetadas pelo tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, atingiram US$ 164,4 bilhões em 2024, representando quase metade das exportações totais do país.

Com Luany Galdeano

Folha de S.Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2025/10/nasdaq-busca-brasileiras-interessadas-em-abrir-capital-nos-eua.shtml