Se você quer ver um filme diferente que se preocupa mais com a sobrevivência emocional e não com religião ou ideologias, esse "Bad Boy" é para você. Antes de qualquer outra coisa, fala sobre o ser humano e seus conflitos internos que extravasam em ações na realidade externa. Depressão vira selvageria numa prisão para jovens judeus e árabes.
O filme começa com um stand-up no palco e risadas na plateia. Ali, Dean conta sua vida com um humor sarcástico. E tudo começou 20 anos atrás, quando ele era um garoto e discute com a mãe porque não quer tomar Ritalina :
"- Se eu ficar viciado quem vai tomar conta de você?"
A mãe se preocupa com o filho mas sente-se impotente para cuidar dele. Mas não o abandona.
E ela tem razão porque, sem mais aquela, a polícia invade a casa de Dean, com um mandato de busca e apreensão de drogas. E ele vai arrastado preso, gritando que não fez nada, que não tem culpa de nada, que não foi ele.

Vai parar no reformatório onde vai passar 4 bons anos. Sua necessidade de afeto, proteção, de um amigo e principalmente de um pai, ficam claros para a plateia e o nosso coração se aperta. Ele é tão pequeno, tão franzino, parece indefeso.
Dean vai enfrentar o mundo da prisão com outros iguais a ele. São todos jovens e se odeiam, judeus e árabes que não se misturam. Tréguas acontecem de vez em quando.
E Dean se dá uma chance de se aproximar daquele que ninguém queria por perto, transformado no pai que Dean nunca teve. Entre punhais e sangue o micro mundo daquela prisão ensina muita coisa para quem não conhecia bem o mundo.
Emocionante, intenso, o filme é repleto de mágoas e por isso é tocante. O caminho da reparação existe quando os enganos são compreendidos.
Eleonora Rosset
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