O ex-prefeito de Nova Yorl Bill de Blasio, em 2019 - Foto: AFP/Getty Images |
Ex-prefeito de NY: 'Se fosse brasileiro, ficaria preocupado com os Estados Unidos'

Ex-prefeito de NY: 'Se fosse brasileiro, ficaria preocupado com os Estados Unidos'

Bill de Blasio diz que presidente Donald Trump pode querer classificar facções como terroristas para 'objetivos políticos nefastos'


Por Aline Ribeiro - São Paulo

O ex-prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse considerar preocupante a pressão dos Estados Unidos para classificar as organizações criminosas brasileiras como terroristas. Blasio afirmou que a medida pode ser usada para "objetivos políticos nefastos".

Em uma reunião com o governo Lula neste mês, representantes do governo americano sugeriram que o Brasil considere o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas.

A declaração de Blasio foi dada na tarde desta quinta-feira, durante o último dia do 2º Seminário Internacional de Segurança Pública, Direitos Humanos e Democracia. Organizado pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) em parceria com o IDP, o evento reuniu em São Paulo governadores, parlamentares e integrantes da sociedade civil ao longo de quatro dias.

Blasio disse compreender a preocupação de governos latino-americanos quando veem os Estados Unidos "se intrometendo nas questões de seus próprios países".

- É possível que o Trump use essa classificação de grupos terroristas para objetivos políticos nefastos no Brasil? É possível. Se alguém acha que não, é porque não está prestando atenção. Se eu fosse brasileiro, ficaria preocupado com os Estados Unidos usando algo que deveria ser uma ferramenta jurídica para combater o terrorismo e transformar em uma ferramenta política - afirmou.

Ao enquadrar as facções brasileiras como terroristas, o governo de Donald Trump poderia enviar os presos que pertencem a esses grupos nos EUA à prisão do Cecot, a maior da América Latina e destinada a abrigar terroristas. O presídio está localizado em El Salvador e foi inaugurado em 2022.

Na reunião com a área técnica do Ministério da Justiça e do Itamaraty, o governo brasileiro se posicionou contrário à proposta. A alegação é que, pela legislação brasileira, seria necessário que essas organizações tivessem motivação de religião ou raça para se encaixarem no conceito legal de terrorismo.

O Globo
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/05/29/ex-prefeito-de-ny-se-fosse-brasileiro-ficaria-preocupado-com-os-estados-unidos.ghtml