Por Vera Magalhães

O convidado que mais chamou a atenção no jantar promovido por Gilberto Kassab neste domingo para festejar a filiação do ex-governador do Espirito Santo Paulo Hartung ao PSD não foi nenhum filiado do partido, mas o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governador, de quem Kassab é secretário de Relações Institucionais, foi inclusive chamado por ele a discursar no jantar, realizado no Emiliano, na capital paulista.

Em sua fala, Tarcísio disse que não seria governador se não fosse o apoio do PSD. Alguns dos presentes inclusive brincaram que, então, ele deveria se filiar ao partido. O governador de São Paulo teceu elogios aos governadores do PSD, alguns deles citados como pré-candidatos a presidente. A festa em torno do governador bolsonarista contou, na audiência, com três ministros de Lula: Alexandre Silveira (Minas e Energia), André de Paula (Pesca) e Carlos Fávaro (Agricultura).

Também estavam presentes outros expoentes da ala "lulista" do PSD, como o senador Otto Alencar e o deputado Antonio Britto, ambos baianos, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Os defensores do presidente, ouvidos reservadamente, negaram que a presença de Tarcísio tenha indicado alguma inclinação de Kassab a favor do governador, mas o desconforto ficou claro.

Outros dois presidenciáveis compareceram à adesão de Hartung ao PSD: Ratinho Júnior, governador do Paraná que já está rodando o país, e Eduardo Leite, que recentemente trocou o PSDB pela sigla chefiada por Kassab.

No dia seguinte do jantar, os presentes ainda demonstravam dúvidas quanto à disposição de Tarcísio de se aventurar num voo nacional. Como ele ainda está em primeiro mandato e tem uma reeleição considerada tranquila, muitos políticos avaliam que ele só renunciaria ao mandato com uma certeza de que Jair Bolsonaro o apoiará --o que provavelmente não vai acontecer.

O Globo
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