Sede do BTG Pactual - Foto: Divulgação / BTG |
BTG compra unidade de gestão de fortunas da JGP e chega a R$ 120 bi em ativos de 'family office'

BTG compra unidade de gestão de fortunas da JGP e chega a R$ 120 bi em ativos de 'family office'

Nova aquisição faz parte do movimento do banco para liderar o segmento na América Latina

Por Cristiane Lucchesi, Em Bloomberg


O BTG Pactual assinou um acordo para adquirir um multifamily office com sede no Rio de Janeiro, em meio a uma onda de aquisições que visa torná-lo o maior gestor de fortunas da América Latina.

O banco concordou em comprar a unidade de gestão de fortunas da JGP Asset Management, que administra R$ 18 bilhões em ativos, segundo Rogério Pessoa, sócio responsável pela área de gestão de fortunas do BTG. O valor da transação não foi divulgado. Com a aquisição, o banco passará a administrar cerca de R$ 120 bilhões em ativos na área de family office.

A JGP foi cofundada em 1998 pelo lendário gestor André Jakurski, que assumirá o cargo de chairman do comitê de investimentos da unidade de family office do BTG, além de manter seu posto como diretor na JGP. A gestora seguirá como empresa independente, focada na gestão de fundos.

Vale notar que Jakurski também foi um dos fundadores do Banco Pactual em 1983 - instituição que, anos depois, se tornaria o BTG Pactual. Ele também foi mentor de André Esteves, hoje presidente do conselho e maior acionista do BTG. Esteves já declarou: "Ele foi meu sócio por muitos anos, meu chefe e o pai do DNA de gestão de risco do banco, (o que) é motivo de orgulho."

O acordo com a JGP vem na esteira da aquisição da unidade brasileira do Julius Baer Group, concluída em 28 de março, que elevou o número de funcionários da área de gestão de fortunas do BTG de 450 para mais de 500, segundo Pessoa. Em setembro do ano passado, o banco também comprou o multifamily office Greytown Advisors, com sede em Miami.

"As oportunidades surgiram e temos a estrutura necessária para sermos um consolidador no mercado", afirmou o sócio. Ele acrescentou que o BTG continuará buscando aquisições de multifamily offices que atendem clientes latino-americanos, tanto no Brasil quanto no exterior. "Na gestão de fortunas, você precisa crescer e ter escala, e isso é caro", completou.

Ao final do primeiro trimestre, o BTG somava R$ 1 trilhão (US$ 170 bilhões) em fortunas sob gestão. Para efeito de comparação, o JPMorgan, um dos maiores players entre clientes ricos da América Latina, administrava US$ 220 bilhões da região, segundo Edinardo Figueiredo, CEO para a América Latina e o grupo de famílias globais do JPMorgan, em fevereiro.

Pessoa ressaltou que nada muda para os clientes do Julius Baer no Brasil e da JGP - incluindo os assessores com quem se relacionam e a instituição financeira escolhida para a custódia dos ativos.

Em relatório assinado por Gustavo Schroden e sua equipe, o Citigroup avaliou que a aquisição "pode ser positiva do ponto de vista estratégico", destacando o "poder de negociação e as habilidades de alocação de capital do BTG que vieram à tona". Apesar de o valor da compra não ter sido divulgado, o banco americano observou que os últimos trimestres foram fracos para o setor de gestão de ativos no Brasil e, por isso, não descarta um preço razoável pelos ativos.

Pessoa concorda que os mercados de capitais da América Latina não têm gerado grandes criações de riqueza nos últimos anos, com a ausência de ofertas públicas iniciais (IPOs) no Brasil desde 2021. Em toda a América Latina, a captação via ações somou apenas US$ 1,8 bilhão em 2024, uma queda de 8% em relação ao ano anterior, segundo dados da Bloomberg.

"Mas tivemos transações de fusões e aquisições que trouxeram liquidez aos proprietários das empresas", afirmou o sócio, destacando que o banco quer estar preparado para quando os mercados de ações voltarem a se aquecer.

O Globo
https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2025/04/15/btg-compra-unidade-de-gestao-de-fortunas-da-jgp-e-chega-a-r-120-bi-em-ativos-de-family-office.ghtml