Empresa primeiro vai digerir a aquisição da norte-americana Hillandale Farms por US$ 1,1 bi
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Cristiane Barbieri
Uma das operações mais esperadas de abertura de capital de uma empresa brasileira nos Estados Unidos, a da Global Eggs, dona da Granja Faria, foi adiada. Após comprar a americana Hillandale Farms, por US$ 1,1 bilhão, o grupo prefere primeiro digerir a aquisição para já se mostrar aos investidores em um segundo momento como uma empresa verdadeiramente global, fazendo jus a seu nome. "É uma aquisição transformacional. Vamos consolidar, colocar a casa em ordem primeiro", afirma o diretor financeiro do grupo, Ismelon Moreira, e sócio do fundador Ricardo Faria.
Com a aquisição, a companhia dobra de tamanho e, quando eventualmente voltar para uma abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), já retorna como outra companhia, muito mais internacionalizada, ressalta o executivo. Será diferente da lógica anterior, quando a empresa só tinha feito uma aquisição na Espanha e a expansão internacional era uma promessa aos investidores, por isso o interesse em levantar recursos. Após este novo passo, a internacionalização já é real.
No caso da Global Eggs, mesmo após a aquisição fechada hoje, 27, a empresa segue mapeando novas possibilidades de compras, em outros países, segundo Moreira. "Já estamos olhando outras geografias, há espaço para outros movimentos", disse ele à Coluna. Atualmente, a empresa não tem necessidade de caixa e é pouco endividada, ou seja, tem espaço para mais aquisições. O endividamento é inferior a uma vez a geração de caixa
Cobrança dos investidores está maior
Em tempos mais difíceis para se fazer um IPO nos Estados Unidos e no resto do mundo, por conta dos juros ainda em patamares altos, investidores vêm cobrando que empresas que queiram fazer listagens em Nova York sejam de fato globais. A brasileira Moove Lubrificantes, do grupo Cosan, acabou não conseguindo fechar sua operação no segundo semestre do ano passado, em meio a questionamentos de que parte importante das receitas, e sobretudo do lucro e geração de caixa, vinham do mercado brasileiro.A Global Eggs chegou a pedir registro confidencial na Securities and Exchange Commission (SEC, o órgão regulador do mercado de ações dos EUA) enquanto avaliava o IPO. Também fez encontros com investidores em Nova York e Boston. Um banqueiro de investimento conta que, no final do ano passado, havia o questionamento do mercado de que a empresa precisava se internacionalizar mais antes de tentar o IPO. Segundo fontes, há mais "uma ou duas" empresas brasileiras se preparando para tentar uma listagem em Nova York, mas a Global Eggs é a que estava mais avançada. Uma eventual listagem agora, ressaltam as fontes, pode vir apenas no final do segundo semestre.
O Estadp de S.Paulo
https://www.estadao.com.br/economia/coluna-do-broad/principal-candidata-do-brasil-a-fazer-ipo-em-nova-york-global-eggs-adia-oferta